“Na segunda edição da Revista Digital Pod Sistemas, trazemos uma conversa franca com dois nomes que respiram o setor de materiais de construção desde a infância: Conceição Garcia e Almir Morgado. Mais do que empresários, eles representam uma transição geracional que une a experiência prática com a inovação tecnológica — e mostram como a gestão moderna pode caminhar lado a lado com os valores familiares.“

Quando a Informática Chegou aos gestores 

Almir Morgado relembra a implantação de seu primeiro sistema de controle de vendas nos anos 1990. Em uma época em que tecnologia era cara e limitada, ele apostou na inovação mesmo com grandes obstáculos. “Não havia controle de estoque ou financeiro, era tudo muito novo. Mas era gratificante ver aquilo funcionando”, comenta. 

Já Conceição Garcia, sócia de empresas como Garcia, Morgado e Gesso Drywall, participou da implantação de ERP desde os primeiros momentos com a Foccus Sistemas. “Era tudo manual, muito papel, muita anotação. Convencer os colaboradores a confiarem no sistema foi um grande desafio”, recorda. 

Sistema de Gestão: Um Divisor de Águas 

Para Conceição, o ERP foi uma virada estratégica. “Hoje só me vejo com sistema. Ele permite delegar, enxergar o que está acontecendo, tomar decisões com base em dados. Sem isso, é impossível gerir com eficiência”, afirma. 

Ela destaca que, com o sistema, é possível saber o que vender, quando comprar, como calcular a comissão dos vendedores, controlar o estoque, o fluxo de caixa e garantir que cada setor tenha metas claras. “Com dados, a empresa se torna transparente e mais assertiva.” 

Desafios de Equipe: Operadores que não se Sentem Responsáveis 

Almir observa uma mudança cultural no perfil dos colaboradores. “Hoje temos muitos operadores, mas poucos analistas. Gente que aperta botão, mas não entende o impacto do que está fazendo.” Para ele, isso exige vigilância constante e reforço da responsabilidade individual. 

“Se errar no código do produto, compromete o estoque, a margem, a lucratividade. Por isso eu exijo relatórios diários, olho pessoalmente preços, entradas, e analiso tudo para tomar decisões rápidas.” 

Formação: Treinamento é Necessário 

Tanto Almir quanto Conceição reconhecem que o modelo de gestão atual exige formação constante — mas as empresas, especialmente as familiares e enxutas, nem sempre conseguem parar para treinar. “O assistente de hoje chega sem base. Antes víamos jovens com noções mínimas de compras, vendas, notas fiscais. Hoje é tudo do zero”, lamenta Conceição. 

Ela defende que cada colaborador conheça a importância do seu papel. “O estoque impacta o financeiro, que impacta o contas a pagar. Se a pessoa não tem essa visão integrada, a empresa perde.” 

Tecnologia: União de Gerações e a Pressão do Digital 

Com a popularização do e-commerce e das redes sociais, a pressão por digitalização aumentou. Conceição admite: “É difícil pra gente. Eu contrato minha nora para me ajudar com o Google. Meu filho está começando no digital, mas não entende os custos. A gente precisa unir gerações. Eles têm a tecnologia, nós temos a bagagem.” 

Essa troca é vista como essencial: “Os jovens impulsionam, vendem, mas não sabem calcular margem. Com a nossa ajuda, eles podem construir empresas sustentáveis.” 

Dados Que Surpreendem: O Sistema Revela o Invisível 

Diariamente, o sistema mostra dados que até os donos não percebiam: uma marca que não vende, outra que estourou em um dia, um cliente com margem negativa. “É só com essas pistas que conseguimos corrigir o rumo. Sem o sistema, seria impossível.” 

 Conclusão: Controle é Liberdade 

Para Almir e Conceição, um bom sistema de gestão não tira o controle do empresário — ele devolve. Permite decisões rápidas, baseadas em fatos, e protege a empresa de erros humanos e crises externas. 

A história desses dois empresários mostra que tradição e inovação podem andar juntas — e que, com dados confiáveis, valores sólidos e espírito empreendedor, empresas familiares podem seguir crescendo por gerações.